quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

COM-VIDA FRANCISCO NUNES: Módulo I - Eixo III: Bem-Estar

COM-VIDA FRANCISCO NUNES: Módulo I - Eixo III: Bem-Estar: Bem-Estar Todos os seres que co-existem na biosfera do nosso planeta dependem de ecossistemas – do grego oikos = casa + systema (σύστη...

Módulo I - Eixo III: Bem-Estar


Bem-Estar

Todos os seres que co-existem na biosfera do nosso planeta dependem de ecossistemas – do grego oikos = casa + systema (σύστημα) – preservados para sobreviver. Ecossistemas são conjuntos articulados e organizados de comunidades de seres que vivem e interagem em determinada região e de fatores que atuam sobre essas comunidades.
Conforme vimos, os fatores que geram as mudanças ambientais globais causam alterações nos ecossistemas e a perda de biodiversidade. Eles colocam em risco as comunidades de seres vivos e, em especial, afetam as condições de vida dos seres humanos no que diz respeito às gerações presentes e futuras. 
Embora se perceba relativa melhora na qualidade de vida de uma parcela da população do planeta, presenciamos profundas alterações nos ecossistemas. Essas alterações se devem principalmente ao aumento das demandas por alimentos, água, fibras e energia, que são comercializados.
Com a crescente perda de cobertura vegetal e a diminuição e/ou contaminação dos corpos líquidos, o planeta tem perdido biodiversidade. Perdemos também a capacidade de perceber que necessitamos dessa biodiversidade para nosso bem-estar.

Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM)
A Avaliação Ecossistêmica do Milênio, ou apenas AEM (Millennium Ecosystem Assessment) foi lançada pelas Nações Unidas em 2001 e concluída em março de 2005, com cerca de quinze produtos, entre sínteses, declarações e relatórios. O trabalho reuniu representantes de convenções internacionais, agências da ONU, organizações científicas, lideranças do setor privado, representantes da sociedade civil e organizações de povos tradicionais. 
Aqui abordaremos apenas o principal aspecto da AEM: a importância vital dos serviços ecossistêmicos (suporte, provisão, regulação e cultura) e suas relações com o bem-estar humano. Os resultados da AEM estabelecem essas relações complexas de forma clara e figuram não apenas como avaliações do estado de degradação ambiental, mas também como proposições de resolução aos problemas em âmbitos global, nacional e local.
O quadro abaixo demonstra como nossa sociedade tende a substituir elementos naturais oferecidos pelos servi-
ços ecossistêmicos por aparatos tecnológicos, sem entender que eles coexistem e caminham juntos para garantir condições fundamentais para o bem-estar humano. São eles: liberdade de opção, segurança, saúde, boas relações sociais e conforto material básico.

Serviços ecossistêmicos
Os serviços ecossistêmicos são os serviços oferecidos pela natureza aos seres humanos e considerados fundamentais para a continuidade da vida no planeta. Também conhecidos como serviços ambientais, referem-se à produção de oxigênio pelas plantas, à capacidade de produção de água e ao equilíbrio do ciclo hidrológico, à fertilidade do solo, à vitalidade dos ecossistemas, à paisagem, ao equilíbrio climático e ao conforto térmico. A AEM sugere a seguinte classificação para esses serviços:
• Provisão de alimentos, água, madeira, fibras;
•Regulação – efeito regulador do clima, de inundações, de doenças, de resíduos, da qualidade da água;
•Culturais – benefícios estéticos e espirituais, para a recreação, a educação;
•Suporte – apoio para a formação do solo, a fotossíntese, o ciclo de nutrientes.
Esses serviços são provenientes de diferentes ecossistemas, das montanhas aos mares; das florestas aos mananciais de água doce; dos manguezais à Floresta Amazônica; do Cerrado aos Pampas; do Semi-Árido à Mata Atlântica. 
A prestação desses serviços depende diretamente do funcionamento saudável e do equilíbrio dos ecossistemas que, no entanto, vêm sendo comprometido pela atividade humana. A AEM apresenta um balanço desolador em relação às três primeiras categorias, indicando um declínio na provisão desses serviços. Segundo a avaliação, nas últimas cinco décadas houve modificações intensas e rápidas nos ecossistemas, impedindo sua regeneração, o que se agrava com o rápido crescimento populacional.
Em outras palavras, o comprometimento dos ambientes naturais por exaustão e depredação e o desaparecimento de culturas humanas, ou seja, a perda de biodiversidade e de diversidade cultural, colocam em risco nossa própria sobrevivência. Estamos perdendo água, perdendo a capacidade de reagir às catástrofes naturais, perdendo recursos genéticos. 
Apesar do crescimento do PIB em centenas de países, dos avanços da tecnologia e da informática e do relativo crescimento de acesso a bens de consumo e serviços de educação e saúde, a desigualdade e a pobreza têm crescido, juntamente com as dificuldades de acesso aos serviços ecossistêmicos. Enquanto o território para uso se degrada, os efeitos desse impacto apresentam implicações diretas sobre o ambiente sociocultural. 
Ambiente natural e social se sobrepõem e coexistem e, assim, as perdas ecossistêmicas representam também perdas das e para as culturas.
As comunidades chamadas originárias e tradicionais, que menos impactos causam ao ambiente, são justamente aquelas cujos modos de vida – desde o manejo da natureza até as manifestações culturais – dialogam com o ambiente. Trata-se de comunidades em que pesca, coleta, agricultura de subsistência se misturam a valores como cordialidade, solidariedade e espiritualidade. Todavia, essas comunidades raramente são ouvidas e invariavelmente acabam sofrendo os reflexos dos impactos ambientais causados por outros.

DIVERSIDADE BIOLÓGICA E DINAMISMO ECONÔMICO NO MEIO RURAL

DIVERSIDADE BIOLÓGICA E DINAMISMO ECONÔMICO NO MEIO RURAL

José Eli da Veiga e Eduardo Ehlers 
(Janeiro 2009) 


Introdução 

Quando a primeira edição deste livro  foi publicada, em 2003, a degradação da biodiversidade e o aquecimento global estavam praticamente empatados na liderança das  principais preocupações ambientais. Mas, nos anos recentes, o aquecimento global disparou  na dianteira desse ranking. Provavelmente porque seus efeitos podem ser mais facilmente  compreendidos e sentidos pela sociedade em geral, levando muito mais gente a questionar  os alicerces e os rumos do industrialismo.  Além disso, as previsões sobre os graves impactos provocados pelo aquecimento global, inclusive o desaparecimento da  biodiversidade, ajudaram a estabelecer essa hierarquia. Mas é obvio que os esforços para  tentar solucionar os principais problemas ambientais não podem ser excludentes, caso  contrário, de que adiantaria conter o aquecimento do planeta se até lá a diversidade de  espécies já estiver praticamente extinta?  
Este capítulo aborda a importância econômica da diversidade biológica, buscando identificar mecanismos que permitam conciliar sua conservação e a criação de empresas e empregos. Inicialmente, mostra-se que a valorização da biodiversidade é um fenômeno recente. No passado predominava a crença de que, nos trópicos, a natureza diversificada e hostil dificultava ou mesmo impedia qualquer tentativa de civilizar os povos e os países dessas regiões. A eliminação das florestas tornaria o ambiente tropical mais semelhante ao europeu, ampliando, assim, as chances de prosperidade. Foi só após a publicação das descobertas de Charles Darwin, que as teses sobre a natureza tropical perderam o sentido. 
Nas últimas décadas do século XX a diversidade biológica já era aceita como um trunfo e não como um obstáculo ao crescimento econômico. Todavia, a estratégia convencional de conservação, baseada na manutenção e expansão  de áreas protegidas, é insuficiente para manter a diversidade da vida. A “saída” é a ampliação das atividades econômicas que conservem ou mesmo ampliem a biodiversidade, tais como: o aproveitamento das amenidades no meio rural e a diversificação  dos sistemas produtivos agrícolas. Por fim, 
conclui-se que para avançar nessa direção  é necessário taxar muitas das atividades que contribuem para degradação da natureza e investir os recursos arrecadados no pagamento de serviços ambientais e na promoção de empreendimentos voltados à conservação da biodiversidade. 


A visão da biodiversidade na história  

Qual é a dimensão da diversidade da vida? Quantas espécies de fato existem no planeta? Não se tem respostas exatas a estas perguntas. As estimativas apontam variações entre 5 e 100 milhões, mas muitos especialistas acreditam que o número de espécies vivas é de aproximadamente 12,5 milhões. Dentre essas, cerca de 1,7 milhões são conhecidas, sendo: 750 mil insetos, 41 mil vertebrados, 250 mil plantas, além de milhares de invertebrados, fungos, algas e microorganismos (Parker, 1982 apud: Wilson, 1997:4). Estimativas ainda “rudimentares” mostram que em 2006 o número  de espécies de insetos conhecidos já chegava a 900 mil. Só os insetos somam aproximadamente um milhão de trilhões de seres vivos e as 10 mil trilhões de formigas  vivas tem pesam tanto quanto toda a população humana  (Wilson, 2008:42). 
Mesmo desconhecendo-se a totalidade de espécies, ampliam-se  as evidências científicas sobre a sua importância para a manutenção da vida em todo o planeta. Se os insetos desaparecessem, em pouco tempo morreria a maioria das plantas e dos animais (Wilson, 2008:44). Dentre os argumentos que justificam a importância biológica e econômica da biodiversidade destacam-se os seguintes (OCDE, 1996-a:7):  
– A biodiversidade facilita o funcionamento dos ecossistemas, permitindo que o planeta se mantenha habitável (por  exemplo: trocas de carbono, manutenção das fontes de água superficial e subterrânea, proteção e fertilização dos solos, regulação da temperatura e do clima, dentre outras funções). 
– Oferece valores estéticos, científicos, culturais, dentre outros valores universalmente reconhecidos, mesmo sendo intangíveis e não monetários.  
– A biodiversidade é a fonte de muitos produtos utilizados pelas sociedades contemporâneas: alimentos, fibras, produtos farmacêuticos, químicos, etc., além de ser a principal fonte de  informações para o desenvolvimento da biotecnologia. 
– A biodiversidade é a base para as culturas agrícolas e para o melhoramento e desenvolvimento de novas variedades. 
– A beleza e a singularidade de diversos ecossistemas têm valor para uma série de atividades recreativas e de ecoturismo.
O uso do termo  biodiversidade é bastante recente. Começou a ser usado em artigos do biólogo Edward O. Wilson no final dos anos 1980. Em linhas gerais, é definido como a diversidade de todas as formas de vida na Terra. Na perspectiva científica, trata-se de toda a variedade de vida estudada em três níveis: os ecossistemas; as espécies que os compõem; e os genes que compõem essas espécies (Wilson, 1997). Soa agora como um termo comum, amplamente utilizado nas escolas e nos jornais, mas nem por isso seu significado tornou-se claro e certeiro. Usamos indistintamente o termo biodiversidade para expressar a diversidade de seres vivos presentes num pomar de macieiras, no interior da Floresta Amazônica, ou quando nos referimos à relação o conjunto de florestas e as mudanças climáticas. Essa abrupta mudança da escala obscurece a noção de biodiversidade (Le Guyader, 2008). É como se usássemos a mesma palavra para fazer referência aos milímetros, aos metros e aos quilômetros.  

Se o uso do termo é recente, a noção de variedade da vida já estava presente em várias civilizações antigas. Gregos, romanos, chineses e vários outros povos esboçaram sistemas de classificação e se preocuparam em relacionar os diferentes organismos vivos conhecidos em suas épocas (Lewinsohn, 2001:1). No Europa, entre os séculos XVI e XVII, os naturalistas criaram 25 sistemas para classificar as espécies botânicas. Mas foi em 1750 que o sueco Carl Lineu lançou uma proposta de classificação do mundo natural que se sobrepôs às demais e que permanece vigente até hoje: o Systema Naturae. A relação publicada em 1758 já continha cerca de 9.000 espécies de plantas e de animais classificadas por Lineu e seus assistentes. Esse número cresceu muito rapidamente nos anos seguintes, não apenas devido à invenção do microscópio - cujas lentes revelaram um novo universo de organismos até então desconhecido -, como também, devido ao crescimento das viagens exploratórias dos naturalistas europeus (Lisboa, 1997:69; Lewinsohn, 2001:2). 
A atração pelo exótico, a vontade de estudar a flora e a fauna dos trópicos e o interesse em descobrir novas espécies comercialmente exploráveis foram os principais fatores que motivaram os viajantes a conhecer o novo mundo. “O Brasil, particularmente, por deixar suas fronteiras fechadas até 1808, revelava-se como terra prometida para os interesses dos naturalistas”. E a revogação da proibição à entrada dos estrangeiros possibilitou a vinda de dezenas de naturalistas europeus – como Langsdorf, Wied-Neuwied, Saint Hilaire, Spix, Martius – e de pintores – como Taunay, Rugendas, Debret - que retratavam as imagens 
pitorescas das expedições. Nos relatos desses viajantes naturalistas fica evidente o fascínio diante da exuberância e da diversidade das formas de vida encontradas no novo continente (Lisboa, 1997:69). 
Entretanto, é interessante notar que o deslumbramento desses viajantes diante da natureza dos trópicos contrastava com os preceitos teóricos que traziam em suas bagagens. Afinal, no início do século XIX, ainda predominava a crença nas teses “decadentistas” formuladas pelo naturalista francês, Conde de Buffon.  Em 1749 Buffon publicava os três primeiros volumes – de um total de 36 – de sua  Histoire Narturelle, na qual tentou comprovar a “inferioridade” da natureza no continente americano. A ausência de animais de grande porte - camelos, dromedários, elefantes, girafas – era uma prova irrefutável de suas teorias. Para ele, a desprezível onça dos trópicos jamais poderia ser comparada a um leão das savanas e o tapir brasileiro não passava de um “elefantinho ridículo” que não conseguiu se desenvolver. O estado bruto da natureza, o aspecto pantanoso da paisagem, a constante umidade das florestas e a intolerável presença dos mais variados tipos de insetos tornavam o ambiente insalubre para o desenvolvimento de qualquer animal de grande porte (Gerbi, 1960 apud: Lisboa, 1997: 78).  

Mesmo sem nunca ter pisado na América, Buffon estendeu suas teorias sobre os animais de grande porte aos homens do novo mundo, tentando provar que a natureza era um enorme obstáculo ao desenvolvimento desses povos. O homem americano é marcado pela debilidade física, pelo tamanho insignificante, pela insensibilidade e pela carência de vivacidade. Ao contrário, nas regiões de clima temperado podiam ser encontrados homens mais “belos” e “bem feitos”. A explicação  de Buffon parecia bastante convincente: nas 
regiões de clima temperado a natureza era muito mais “organizada” e, portanto, mais propícia à civilização. Ao adentrar um bosque, qualquer um poderia facilmente identificar as diferentes espécies de plantas e de animais ali presentes. Ao contrário, nas florestas tropicais, a natureza não havia atingido este estágio de maturidade e de “organização”; as plantas e os animais se misturavam de tal forma que era praticamente impossível identificalos. Este ambiente “hostil” dificultava o desenvolvimento dos povos selvagens e inviabilizava qualquer tentativa de civilização (Gerbi, 1960 apud: Lisboa: 78).  
Por quase um século, essas idéias foram amplamente aceitas no insipiente meio científico europeu. Todavia, a aproximação ao desconhecido mundo dos trópicos levou muitos naturalistas a questionar as consagradas teses  de Buffon. Ao cruzar as temidas águas do mar do Caribe, em 1799, Alexander von Humboldt relata seu encantamento diante da natureza do novo mundo, contribuindo para reverter a imagem depreciativa do continente americano (Lisboa, 1997:81). Mas o cheque-mate nas teorias de Buffon seria dado em 1859 com a publicação da teoria evolucionista de Charles Darwin. Em  Origem das espécies Darwin mostra que, ao contrário do que se pensava, os seres vivos estão em constante processo evolutivo e a diversidade genética é fundamental aos mecanismos de seleção natural das espécies.  
Obviamente as idéias de Darwin e de outros pesquisadores sobre a importância da diversidade das espécies não convenceram  a comunidade científica e, muito menos, o restante da sociedade. Tanto que o século XX foi marcado pela crescente degradação dos ecossistemas e pela extinção de milhares de espécies de plantas e de animais. Mesmo assim, essas idéias deram início a um processo de transição no qual a diversidade biológica passa a ser considerada – ainda que em círculos muito restritos – uma vantagem competitiva do meio rural e não um obstáculo ao seu crescimento econômico.   

Impactos econômicos da perda de biodiversidade

 Com a acelerada degradação dos ecossistemas tropicais, particularmente no último quarto do século XX, proliferaram os trabalhos científicos sobre o tema. Em meados dos anos 1980, o biólogo norte-americano Edward O. Wilson adotou o termo “biodiversidade”, que rapidamente foi incorporado pelos estudiosos da área. Biodiversidade é toda a variedade de organismos vivos em todos os ecossistemas do planeta. O estudo da biodiversidade inclui também as interações e os processos que fazem os organismos, as populações e os ecossistemas preservarem sua estrutura e funcionarem em conjunto.  
A necessidade de se criar instituições que regulamentassem tanto a proteção como o uso da biodiversidade levou 157  países a assinaram a  Convenção Sobre Diversidade Biológica (CDB) durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. Os signatários deste documento se comprometeram a respeitar a soberania dos países sobre seu patrimônio genético, bem como, possibilitar o acesso a esses recursos desde que em condições previamente estabelecidas entre as partes interessadas. 
“Diversidade biológica significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies,  entre espécies e de ecossistemas." (SMA, 1997:16).  
Não é a primeira vez na história do planeta que a biodiversidade corre riscos de extinção. Desde a emergência da vida, há 4 bilhões de anos, pelo menos cinco grandes episódios naturais provocaram drásticas reduções no  número de espécies. Alguns especialistas consideram que a atual pressão antrópica sobre os ecossistemas seria o sexto grande evento de extinção em massa. E é bem provável que  eles tenham razão. Em condições naturais uma espécie é extinta a cada ano (Myers, 1997:36), mas hoje estima-se que 10.000 espécies  desapareçam anualmente (Wilson, 1987 apud: Myers 1997:39).  
É muito difícil estabelecer com segurança a importância relativa dos seis fenômenos que mais provocam a perda de biodiversidade: (i)  destruição e alteração de habitats; (ii) exploração de espécies “selvagens”; (iii) introdução de espécies exóticas; (iv) homogeneização; (v) poluição; (vi) mudanças ambientais globais. Quanto à extinção global de animais, estima-se que um terço seja provocada pela destruição/alteração de habitats, outro terço venha da introdução de espécies, e o terceiro decorra de formas insustentáveis de caça e de pesca. Mas cerca de dois terços dos “estoques” de peixes marinhos estão sendo ultra-explorados, ou já foram extintos. E três quartos dos desaparecimentos de pássaros decorrem diretamente de mudanças de uso  dos solos, exatamente como acontece com a extinção de plantas (WCMC,1992 apud: OCDE, 1996-a). As formas mais visíveis dessas mudanças de uso dos solos são as derrubadas de florestas, a drenagem de áreas úmidas, a construção de estradas, a expansão e criação de aglomerações urbanas etc.. Todavia, o pior parece ser a resultante fragmentação de formações naturais que antes eram contínuas. Muitas espécies desaparecem; muitas vezes diminui a população das que subsistem; movimentos passam a ser restritos; e torna-se mais freqüente a presença de predadores e competidores que perderam seus habitats naturais (Meffe & Carroll,1994 apud: Veiga, 1999). 

Comparáveis aos impactos das mudanças de uso dos solos são os estragos causados pela homogeneização, isto é, as perdas de diversidade provocadas pela padronização dos sistemas de produção agropecuários. Além  da diminuição do número de espécies e da variedade genética das plantas utilizadas,  também ocorre uma dramática redução do número de outras espécies, como as bactérias fixadoras de nitrogênio, os fungos que facilitam a absorção de nutrientes, predadores de pragas, polinizadores etc. Enfim, mingua a base genética de inúmeras espécies que co-evoluiram durante séculos ou milênios (Norgaard, 1988). Simultaneamente, águas superficiais e subterrâneas são contaminadas, tanto pelo uso crescente dos insumos básicos dessa conversão (fertilizantes químicos e agrotóxicos), quanto pela excessiva concentração da pecuária. Além dos problemas de saúde, essa falta de diversidade funcional compromete a resistência e a resiliência dos agroecossistemas, aumentando a sua vulnerabilidade às pragas, secas e outras mudanças climáticas (Hazell, 1989). 
Assim, apesar de ser impossível hierarquizar as seis principais manifestações da perda de biodiversidade, talvez não seja abusivo destacar a brutal artificialização agropecuária (que ironicamente ficou conhecida como “modernização” ou “revolução verde”), desde que devidamente inserida no contexto espacial do processo de desenvolvimento (Veiga, 1999). É justamente esta artificialização agropecuária aliada à expansão da fronteira agrícola que vêm dilapidando a diversidade biológica da Floresta Tropical Atlântica, dos Cerrados, da Caatinga e, mais recentemente, da Floresta Amazônica. Contudo, esse destaque à agropecuária não deve fazer esquecer os efeitos nefastos de outras atividades primárias, como as diversas formas de extração florestal, mineral e pesqueira.  
A degradação da Mata Atlântica não é um  fenômeno recente. Em uma das obras mais completas já escritas sobre a história da  ocupação de um ecossistema brasileiro, Warren Dean discorre sobre os vários ciclos de degradação, desde a exploração do pau-brasil até os nossos dias. Dean mostra que o ciclo do café sucedido pelo crescimento das indústrias e da malha ferroviária - que tinham a lenha e o carvão vegetal como matriz energética - foram os principais responsáveis pela derrubada da floresta. A partir da década de 1960, o plantio da cana-de-açúcar devastou grande parte do que restava em São Paulo e em Minas Gerais. No Espírito Santo e na Bahia,  a ocupação dos solos com reflorestamentos para produção de celulose e a exploração ilegal de madeira vêm destruindo o que restou dessa mata nos dois estados (Bezerra e Veiga, 2000). A Floresta Amazônica, considerada a maior reserva de diversidade biológica no mundo, também tem sido alvo de intensa dilapidação. A ausência de uma política de desenvolvimento rural aliada ao fluxo migratório para a região são incompatíveis com a necessidade de preservação e conservação  dos recursos florestais. Em Rondônia, por exemplo, a população saltou de 110.000 habitantes em 1975 para mais de um milhão em 1986, provocando a destruição de quase um terço das florestas daquele estado (Bezerra e Veiga, 2000).  
Os Cerrados, que ocupam um quarto do nosso território, são o segundo maior bioma brasileiro (após a Amazônia) e concentram  nada menos que um terço da biodiversidade nacional e 5% da flora e da fauna mundiais. A flora dos Cerrados é considerada a mais rica do mundo dentre as savanas (WWF, 1995). A adaptação destas plantas aos solos, ao clima e aos predadores característicos dos  ambientes dos Cerrados faz delas “bancos gênicos de muito maior valor do que o atribuído e que merecem ter importância muito maior do que apenas a de produzir carvão e enormes áreas de cultivo (...)” (Castro, 1997:49).  
A diminuição da biodiversidade na Mata Atlântica, na Floresta Amazônica e nos Cerrados traz graves consequências para a agricultura,  para a silvicultura, para a pesca, para o turismo, dentre outras atividades. No caso da agricultura são pouco estudados os impactos da redução da biodiversidade, mas é óbvio que ela compromete a identificação de novas espécies de plantas e de variedades potencialmente cultiváveis, para fins medicinais, alimentícios, industriais etc..  
A dilapidação florestal também acarreta diminuição da estabilidade dos agroecossistemas, devido a desequilíbrios provocados pela eliminação de inimigos naturais de pragas (Macedo e Campanhola, 1997). Isso aumenta os gastos com agrotóxicos e a contaminação do ambiente. Outro problema, mais imediato, é a diminuição dos recursos hídricos; bilhões de metros cúbicos de água deixam de infiltrar naturalmente nos solos em decorrência da redução da cobertura vegetal, acarretando na redução dos estoques disponíveis com graves consequências para o abastecimento das cidades, da agricultura e dos reservatórios de usinas hidrelétricas. A somatória desses problemas provoca impactos incalculáveis na economia do país. 

Desenvolvimento e conservação da biodiversidade  

O conveniente compromisso com “desenvolvimento sustentável”, que se firmou a partir de meados dos anos 1980, é uma manifestação inequívoca de que se tornou imprescindível encontrar um modo menos destrutivo e mais duradouro de crescimento. Mas, para conquistar mais sustentabilidade (já que o processo de desenvolvimento não poderá atingila em termos absolutos) é preciso definir o conjunto de operações necessárias a uma completa reorientação do processo de crescimento econômico.  
Todavia, qualquer arranjo institucional é  prisioneiro do caminho  que foi seguido no passado (path-dependence), pois toda trajetória prévia tende a ser consolidada pelo processo de aprendizado das organizações, pela modelização subjetiva das questões, por externalidades de rede, etc. Ou seja, a economia tende a engendrar políticas que reforçam as incitações e as organizações existentes (North, 1990:99). Só  poderia ser ilusória, portanto, a idéia de uma brusca virada na estrutura institucional de incitações que foi sendo sedimentada durante os três séculos que multiplicaram a produtividade por 40 ou 45 vezes, sendo que ela sequer havia dobrado durante os sete séculos anteriores (Bairoch,1997). Uma situação que se torna ainda mais grave num  momento histórico em  que a luta contra o desemprego tende a impor uma busca desenfreada de qualquer fórmula que possa favorecer o crescimento das economias nacionais. Em tais circunstâncias, a mudança de rumo ditada por preocupações ambientais  só se legitimará se puder simultaneamente incentivar um crescimento rico em empregos (em vez de restringi-lo). Isto é, se a precaução ecológica puder impulsionar o “empreendedorismo” (Veiga, 1999). 
Mas é possível conciliar a conservação da biodiversidade com a criação de novos negócios e de novos empregos? É óbvio que isso só acontecerá se houver simultânea retração de atividades que degradam os habitats e crescimento das que os conservam ou recuperam. Para que isso aconteça, é necessário que as últimas sejam mais vantajosas que as primeiras, o que requer a combinação de vários tipos de intervenção pública (em geral estatais) de estímulo e dissuasão. O problema é que, tradicionalmente, as intervenções públicas são limitadas à criação e manutenção, muitas vezes  deficitária, de unidades de conservação (parques, reservas, estações etc.). Só excepcionalmente essa intervenção tem como estratégia o financiamento de outras ações conservacionistas, ou  de iniciativas que estimulem o desenvolvimento sustentável.  Em termos mundiais, estima-se que o gasto anual com a conservação dos atuais 13,1 milhões de km2 de áreas protegidas atinja  6 bilhões de dólares.  Uma conservação mais adequada dessas unidades exigiria um suplemento de 2,3 bilhões de dólares. A inclusão de mais 7,4 milhões de km2 nessas reservas globais (90% dos quais em países subdesenvolvidos) exigiria 11 bilhões de dólares para a obtenção e mais 3,3 bilhões anuais para a sua manutenção. Segundo os autores dessas estimativas, tratam-se de quantias irrisórias se comparadas ao valor de nocivos subsídios (sobretudo agroalimentares), estimados em 1 trilhão de dólares por ano (James, Kevin & Balmford, 1999). Como denúncia, o raciocínio é até aceitável. Mas a idéia de que recursos atualmente usados para subsidiar atividades do agribusiness no mundo desenvolvido possam ser transferidos para a manutenção e expansão das áreas protegidas (principalmente em países periféricos) só pode ser considerada quixotesca. Os atuais esquemas de regulação das atividades agropecuárias do primeiro mundo resultam de instituições sedimentadas por muitas décadas de pragmatismo socioeconômico. No início estavam exclusivamente voltados à sustentação de preços internos, para que fosse garantida estabilidade de renda mínima a multidões de agricultores. Mas aos poucos foram adquirindo muitas outras dimensões, à medida em que os agricultores se tornavam minoria no próprio meio rural (Veiga, 1999).  
Predomina nas organizações voltadas à conservação da biodiversidade a idéia de utilizar recursos fiscais dos mais tradicionais para  manter e expandir reservas controladas pelo poder público, ou criar fundos que compensem custos assumidos por empresários rurais esclarecidos (isto é, proprietários de florestas, fazendeiros e agricultores familiares dispostos a adotar práticas ecologicamente mais corretas que as convencionais, mas quase sempre menos rentáveis). Pior, nunca se recolhe dos agentes que mais se beneficiam da existência de unidades de conservação os  recursos necessários para a sua própria manutenção. O mais comum é que os proprietários fundiários das imediações fiquem com as novas rendas de localização e outros tipos de quase-renda engendrados pela existência de parques, reservas ou estações, sem qualquer tipo de contrapartida. Quase não se penaliza as atividades mais prejudiciais à biodiversidade, e muito menos se maneja as atividades menos agressivas mediante instrumentos econômicos que também permitam uma arrecadação de recursos a serem usados na incitação de atividades benéficas (Veiga, 1999). 
Neste sentido, a integração entre políticas ambientais e políticas econômicas está muito mais “atrasada” no âmbito da conservação da diversidade biológica do que, por exemplo, no domínio energético, no qual os recursos arrecadados por “ecotaxas” têm sido cada vez mais usados, por exemplo, para reduzir impostos que inibem a criação de empregos (OCDE, 1996-b, 1996-c, 1997). No fundo, a criação e a manutenção de áreas protegidas deveria ser acompanhada por um conjunto de intervenções de recuperação e conservação capazes de dissuadir a degradação e gerar excedentes monetários (pelo menos durante o tempo em que essa degradação continuar existindo). Mas onde esses excedentes seriam aplicados? Existem atividades capazes de, ao mesmo tempo, estimular a conservação e a criação de empregos?  
Pelo menos duas ações já acumulam resultados suficientemente convincentes podendo ser apontadas como possíveis “saídas” para a criação de uma espécie de “empreendedorismo verde”. São estas: o aproveitamento das amenidades no meio rural, particularmente nas áreas que ainda dispõem de heranças naturais, e a diversificação dos sistemas produtivos agrícolas. 
Ganhando com a conservação dos ecossistemas Ganharam muita importância nas últimas décadas as políticas públicas que visam oferecer perspectivas de um futuro mais promissor  às áreas rurais. Particularmente às mais periféricas, onde o dinamismo econômico tende a se esvair, ou sequer chega a ocorrer. Num passado longínquo, o essencial era poder expedir para as cidades um volume crescente das mercadorias primárias que elas mais demandavam: alimentos, fibras, madeira, minérios e energia. Também era condição necessária dispor da exploração racional de riquezas naturais raramente  abundantes e nem sempre renováveis. Mas não demorou para que se tornasse bem mais decisiva a transformação local dos bens primários antes de exportá-los às cidades, pois tal agregação de valor logo passa a gerar mais renda e 
emprego do que as atividades agropecuárias, florestais, pesqueiras ou minerais. O dinamismo passou a depender muito do tino  empresarial dos que obtinham o capital necessário ao emprego da mão-de-obra liberada pelas outras atividades. O sucesso na industrialização de produtos primários ajudava a atrair os demais empreendimentos cruciais para o desenvolvimento regional (Veiga, 1999).  
Acontece que ultimamente a dinamização econômica de uma região rural começou a ser muito mais determinada pela captação das rendas urbanas que se transferem pela freqüente estadia de famílias que constróem segundas residências (chácaras e sítios de recreio, casas de veraneio ou chalés de montanha), pela presença sazonal de famílias em férias, pelas visitas dos mais diversos tipos de turistas, esportistas, congressistas, ou ainda, pela significativa imigração de aposentados. O que há em comum entre esses grupos é a busca de um contato mais próximo com a natureza, definida pelo biólogo Edward Wilson como: “... é aquela parte do ambiente original e de suas formas de vida que permanece depois do impacto humano. Natureza é tudo aquilo no planeta terra que não necessita de nós e pode existir por si só.” (Wilson, 2008:23). O dinamismo econômico de certas áreas rurais está, portanto, cada vez mais atrelado à capacidade de explorar as “amenidades” presentes em territórios que puderam evitar ou impedir a degradação de seus patrimônios natural e cultural (Veiga, 1999). A necessidade de atribuir a mais alta prioridade à capitalização do valor das amenidades rurais foi, justamente, a principal conclusão da oficina de trabalho que a OCDE promoveu no Japão em setembro de 1997, na qual foram discutidas as dinâmicas rurais de uma dúzia de países. 
E dela resultou a recomendação de dois tipos básicos de políticas: as que estimulem a direta coordenação entre os provedores e os beneficiários das amenidades (apoio à ação coletiva e à valorização comercial); e as que ajudem a mudar certas  regras econômicas (regulamentações e incentivos financeiros).  O mais curioso, entretanto, é que os oito estudos de caso citados são experiências que articulam o aproveitamento econômico de amenidades à conservação da biodiversidade (OCDE, 1999-a). 
A idéia geral é que a preservação das amenidades não deve paralisar o desenvolvimento local, mas também não pode permitir que o  dinamismo econômico venha justamente a destruir as características da região. Trata-se de encontrar o caminho do meio (“to strike a balance”) entre a manutenção ou o aumento da oferta de amenidades e a promoção do crescimento econômico (OCDE, 1999-a:100). 
As amenidades rurais estão muito freqüentemente ligadas ao manejo de importantes fontes de biodiversidade, desde as unidades de  conservação de fragmentos naturais pouco alterados (como os parques nacionais), até  paisagens bem artificializadas. Obviamente o manejo dessas áreas não se presta apenas à exploração das amenidades. Os ecossistemas conservados ou preservados também são a principal fonte de “matéria-prima” para o emergente mercado da “bioprospecção”.  
A Convenção da Biodiversidade – hoje ratificada por 174 países com a ilustre exceção dos EUA – estabeleceu os modos de exploração dos recursos biológicos pela engenharia genética. Institucionalizando direitos de propriedade física e intelectual, ela facilitou a negociação direta entre o poder  público e as empresas privadas de biotecnologia, o que tende a resultar em contratos de bioprospecção prevendo uma exploração econômica não destrutiva dos recursos genéticos, e uma divisão “justa e equânime” dos lucros. A fonte de inspiração foi o contrato que já havia sido estabelecido entre o laboratório americano Merck & Co. e o Instituto Nacional da Biodiversidade da Costa Rica (INBio), organismo privado sem fins lucrativos que depende do Ministério dos Recursos Naturais daquele país. Em troca de mil amostras, o INBio recebeu em dois anos mais de um milhão de dólares, sendo que a empresa ainda se comprometeu a pagar royalties sobre medicamentos que vierem a ser desenvolvidos a partir dessa base genética (Veiga, 1999).  
Muitas críticas têm sido dirigidas a esse  modelo. Pequenos países subdesenvolvidos poderiam estar sendo colocados em forte concorrência, diante da emergente regulamentação do mercado de recursos genéticos. Estando em condições naturais semelhantes, poderiam ser levados a praticar um verdadeiro “dumping ecológico”. Os que, ao contrário, não têm riquezas biológicas  comparáveis, não poderiam encontrar nessa 
fórmula qualquer tipo de solução para seus  problemas de degradação ambiental. Além disso, a distribuição “justa e equânime” dos resultados financeiros dessas operações (prevista na Convenção) só poderia ser ensaiada mediante avaliações públicas internacionais realizadas no âmbito de uma negociação multilateral, em vez de dependerem de acordos bilaterais feitos entre uma multinacional e um país com ínfimo poder de barganha. De resto, os termos desses contratos nem precisam ser divulgados ou submetidos a qualquer organismo de controle e de arbitragem (Hermitte, 1992 apud: Aubertin e Vivien, 1998; Pistorius e Wijk, 1993 apud: Aubetin e Vivien, 1998). 
Também há muita incerteza sobre a possibilidade de se fazer uma estimativa razoável da parte do preço final de um medicamento que deve ser atribuída a uma seqüência de DNA retirada de um organismo. Até porque esse preço depende muito mais do poder de mercado da empresa, do que de seu custo de produção. É muito comum que sua margem de lucro seja composta essencialmente de rendas de monopólio. Em tais circunstâncias, é pouco provável que a comunidade local ou regional possa realmente tirar bom proveito desse tipo de contrato com uma multinacional. E é justamente por isso que muitas ONG denunciam tais acordos como formas “politicamente corretas” de legalizar a biopirataria, ao mesmo tempo em que grandes firmas farmacêuticas parecem se desinteressar pela bioprospecção. 
Podem vir a considerar mais vantajoso um acerto com empresas especializadas no acesso aos bancos de dados de seqüências de genes, ou ainda um simples recurso a firmas de corretagem de recursos genéticos, como  Biotics ou  Shaman Pharmaceuticals, atual Botanical Pharmaceuticals (Aubertin & Vivien,1998:64). 
E ainda há outros inconvenientes. Os interesses específicos da demanda de recursos genéticos podem vir a determinar a orientação da pesquisa, favorecendo o estudo de determinadas famílias, em vez estimular o conhecimento do conjunto da biodiversidade local (inclusive da fauna, que não costuma  interessar a essas empresas, apesar de sua crucial influência sobre a reprodução vegetal). Também costuma ser necessária uma boa dúzia de anos e mais de duzentos milhões de dólares para que uma molécula dotada de qualidades especiais dê origem a um novo medicamento. E parte das contrapartidas financeiras que precedem os eventuais  royalties podem ser, inclusive, usadas pelos governos para fins que pouco ou nada têm a  ver com os objetivos da CDB. No caso emblemático da Costa Rica, metade do que foi pago pela Merck foi para os cofres do governo sem qualquer obrigação de utilização em políticas previamente determinadas (Hermitte,1992  apud: Aubertin e Vivien, 1998; Pistorius e Wijk,1993  apud: Aubetin e Vivien, 1998). 
Essas e muitas outras críticas só mostram a insipiência institucional do emergente mercado internacional de recursos  genéticos, problema que está intimamente relacionado à fragilidade das legislações nacionais, particularmente entre os exportadores. Mas indicam, também, que a superação dessa fragilidade poderá resultar em oportunidades de captação de recursos. Esses arranjos institucionais podem evoluir numa direção mais favorável às exigências de uma efetiva conservação da biodiversidade acoplada a uma perspectiva de desenvolvimento. Nada impede, por exemplo, o lançamento de ‘títulos’ ou ‘contratos de risco’ para incentivar uma responsável bioprospecção em unidades de conservação. Se tais oportunidades forem bem aproveitadas, certamente poderão contribuir tanto para reforçar e expandir a proteção de ecossistemas, quanto para financiar outras iniciativas de desenvolvimento sustentável (Veiga, 1999). 
Além de fonte de amenidades e de biodiversidade, os ecossistemas protegidos também podem ser viveiros das mais importantes vantagens competitivas que o processo de desenvolvimento reserva às regiões rurais. Mas a sinergia que  pode existir entre a conservação da biodiversidade e a exploração dessas vantagens competitivas dificilmente se manifesta de forma espontânea, pois esbarra em enormes obstáculos culturais e 
institucionais. Se tais obstáculos não forem vencidos, será muito mais difícil garantir, por exemplo, a preservação do que restou da Mata Atlântica e dos Cerrados brasileiros, onde a oferta dos pacotes de turismo de massa  parece superar o amadurecimento de pactos territoriais que possam aliar a conservação da biodiversidade com muito dinamismo econômico. 

Agricultura e biodiversidade  

A conservação da biodiversidade de um agroecossistema está associada à manutenção dos recursos genéticos, tanto das espécies nativas como das variedades de plantas cultivadas e das raças de animais criados. Antes das sementes se tornarem um insumo de origem industrial os próprios agricultores faziam suas seleções e misturavam espécies de interesse comercial com outras que não eram cultivadas. Em muitos casos, contribuíam para o aumento da diversidade genética, adaptando  diferentes variedades de plantas para microambientes distintos. É o que alguns especialistas chamam de “mosaicos coevolutivos” (Norgaard, 1997:263).  
Na agricultura moderna a diversificação dos sistemas produtivos foi substituída pela especialização. Muitos agrônomos e economistas acreditaram que a lógica da produção em escala, que fizera sucesso no setor industrial, poderia ser facilmente aplicada na agricultura. As monoculturas, altamente mecanizadas e  baseadas no emprego intensivo de insumos químicos e genéticos funcionariam como verdadeiras fábricas a céu aberto, capazes de produzir alimentos em quantidades suficientes para abastecer toda a humanidade. Mas logo se percebeu que, ao contrário da indústria, a agricultura é totalmente dependente de limites naturais, os quais não podem ser facilmente controlados. A substituição de ecossistemas complexos e diversificados - particularmente nas regiões tropicais – por sistemas produtivos extremamente simplificados – como são as monoculturas - provocou uma série de impactos econômicos e ambientais.  
Hoje se sabe que quanto maior o número de espécies presentes em um determinado ecossistema, maior será o número de interações tróficas entre os seus componentes e, conseqüentemente, a estabilidade tenderá a aumentar, ou seja, a estabilidade é função direta da diversidade. Os agroecossistemas estáveis tendem a absorver mais facilmente as perturbações externas, pois os impactos são dissipados entre seus vários componentes (Paschoal, 1979). Nos sistemas agrícolas muito simplificados, sobretudo nas monoculturas de grãos, os fatores desestabilizadores são amplificados, obrigando os agricultores a recorrer a técnicas intensivas para manter as condições  necessárias ao desenvolvimento vegetal. De certo modo, nos sistemas agrícolas convencionais o potencial regulador que era exercido pelo próprio ecossistema foi substituído por fontes exógenas de nutrientes e de energia, geralmente originárias de combustíveis fósseis (Romeiro, 1992). 
Existem diferentes meios de se promover a diversificação de um agroecossistema, desde uma simples consorciação entre duas culturas até os complexos sistemas agroflorestais, que visam a convivência de espécies florestais nativas com as culturas de interesse comercial. O desafio, portanto, é conhecer não apenas as  características dos agroecossistemas, como também as formas mais apropriadas de diversificá-los. Nas consorciações e nas rotações de culturas, os recursos disponíveis - água, nutrientes, luz, dentre outros - são utilizados de forma mais eficiente. Aliadas ao retorno de matéria orgânica ao solo, esses sistemas contribuem  para manter sua estrutura física, ajudam a reduzir a erosão e, conseqüentemente, melhoram a fertilidade dos solos. A combinação desses fatores leva, invariavelmente, a aumentos de produtividade das lavouras. Ao mesmo tempo, os sistemas diversificados diminuem  muito a necessidade de insumos externos, como os agrotóxicos e os fertilizantes nitrogenados. Possibilitam, desse modo, a eliminação de uma parte significativa dos gastos de  investimento e de custeio necessários à manutenção do padrão tecnológico "moderno". Além disso, nas propriedades diversificadas os ingressos de renda agrícola são distribuídos de forma mais homogênea durante o ano. A quebra de uma safra ou a queda de preço de uma determinada cultura não causam tantos estragos quanto nas propriedades monoculturais e os riscos de falência são muito menores. (Killey-Worthington, 1981; NRC, 1989; Romeiro, 1992; Veiga, 1994). 
Outra forma de diversificar os sistemas produtivos é a agrosilvicultura ou “agroflorestação”. Consiste em um sistema  de manejo florestal que visa conciliar a produção agrícola e a manutenção das espécies nativas, por meio de “capinas seletivas” das espécies que já cumpriram seu papel fisiológico na sucessão e “podas de rejuvenescimento” para revigorar e acelerar o sistema produtivo. Em várias partes do país a adoção desses 
sistemas tem demonstrado vantagens econômicas e ambientais em relação aos sistemas de cultivo convencionais, cuja longevidade  depende do emprego elevado de insumos industriais (Cordeiro et al., 1996:23). Em quase todas as experiências observa-se o aumento de matéria orgânica nos solos, a redução da  erosão laminar e em sulcos e o aumento da diversidade de espécies. Nos casos em que as matas ciliares são recuperadas, verifica-se, também, a diminuição da turbidez da água e  o aumento da disponibilidade de recursos hídricos. 
Uma característica comum entre os sistemas diversificados é que todos são mais exigentes em mão-de-obra. Os custos de se empregar mais trabalho são geralmente compensados pela redução, ou mesmo eliminação, do uso de insumos agroquímicos. Isso fica bem claro quando se compara o número de pessoas empregadas em uma propriedade diversificada a outra altamente especializada. As regiões  cobertas pelas monoculturas, geralmente apontadas como “modernas”, são extremamente pobres em geração de oportunidades de trabalho, tanto na propriedade agrícola como nas suas circunvizinhanças. Além disso, essas regiões acabam com o solo, com a água e com a biodiversidade que poderia ser um dos principais trunfos de dinamismo econômico. 

Biocombustíveis e biodiversidade 

Desde que a queima do petróleo consagrou-se como um dos principais vilões do aquecimento global só aumentou a convicção de que essa matriz energética precisa ser rapidamente superada. Depois do domínio do fogo, da agricultura e da máquina a vapor, a adoção de novas fontes de energia que não sejam fosseis deverá ser o quarto grande salto tecnológico da humanidade (Veiga e Valle, 2008). A energia do século XXI tem que ser limpa e renovável, reduzindo ou mesmo eliminando a emissão de gás carbônico para a 
atmosfera.  
O hidrogênio poderá ser o combustível do futuro (Veiga, 2008), ou, então, ampliaremos o uso da energia que pode ser obtida a partir das marés, dos ventos ou do calor da Terra. Mas enquanto esse futuro não chega o uso da biomassa é a alternativa  mais viável de que dispomos. Em 2006, apenas 1% do transporte terrestre mundial era movido por etanol ou biodiesel, porém as preocupações ambientais e o elevado custo do petróleo devem aumentar a ebulição desse mercado nas próximas décadas. Além disso, nos EUA, principal consumidor mundial, a substituição de George Bush por Barak Obama pode marcar, também, a transição da matriz fóssil para a renovável. O primeiro passo foi a nomeação de um especialista em fontes alternativas, Nobel em física, como secretário de energia, e de um entusiasta dos biocombustíveis como secretário de agricultura.  Transições como essa são geralmente permeadas por dúvidas e incertezas. Não se sabe, ainda, se o avanço dos biocombustíveis contribuirá para a conservação da biodiversidade ou, ao contrário, acelerará sua dilapidação. Num “país das maravilhas”, poder público e setor produtivo empenhariam mais esforços para conservar as áreas com rica diversidade biológica, nas quais se poderia, com regras muito bem definidas, ampliar a bioprospecção de plantas com potencial para produção de combustíveis, mesmo que os resultados dessas pesquisas só servissem para beneficiar gerações futuras. 
Fora deste “país” esse desejável arranjo  é quase uma ilusão. Nos biomas brasileiros certamente existem espécies com potencial para suprir a indústria de biocombustíveis, mas não há evidências de que o avanço desse setor esteja favorecendo a conservação das áreas naturais. Mas o mais preocupante é que quase  toda a produção de etanol e de biodiesel concentra-se no cultivo de duas espécies: a cana-de-açúcar e a soja, respectivamente. É claro que esses sistemas monoculturais são muito mais aptos a atender a demanda em larga escala da indústria dos biocombustíveis, por  outro lado, são bastante conhecidos os seus impactos ambientais, particularmente a erosão dos solos e a contaminação das águas. Além disso, são sistemas altamente dependentes do petróleo como matriz energética. Ora, se a desejável geração de combustível renovável continuar dependendo da queima de combustível fóssil como fica esse balanço?  

Para se gerar biocombustíveis por processos mais limpos será necessário definir normas sociais e ambientais de produção e estabelecer mecanismos para o cumprimento dessas regras. Algumas usinas de etanol, atentas aos padrões estabelecidos pelo mercado internacional, já seguem esse caminho. E, se quisermos que a produção de biocombustíveis contribua para a geração de postos de trabalho e para o desenvolvimento rural, será preciso implantar políticas públicas que possibilitem a  participação da agricultura familiar. Por enquanto, esse é um mercado restrito à agricultura patronal (Bravo, 2007).    
Outra questão decisiva que relaciona o crescimento dos biocombustíveis à conservação da biodiversidade é a crescente pressão sobre os remanescentes florestais e demais áreas naturais, como é o caso da soja que não pára de avançar sobre a Amazônia. O problema é qualquer suposição sobre os desdobramentos desse embate esbarra em outra questão igualmente complexa, a qual vem atraindo a atenção de pesquisadores e da mídia em geral: será que a ocupação das terras com lavouras  para suprir a crescente indústria dos 
biocombustíveis reduzirá as áreas disponíveis para o plantio de alimentos?  Com uma população mundial que só deve parar de crescer quando atingir aproximadamente 9 bilhões de habitantes, em  2050 ou mais, a segurança alimentar continua sendo um dos  mais importantes desafios sociais a ser enfrentado.  No começo de 2008, Jean Ziegler, representante da FAO, chegou a declarar que a expansão das lavouras para a produção de biodiesel é um “crime contra a humanidade”, pois, além de ocupar as terras, eleva os preços dos alimentos dificultando o acesso das populações mais pobres. O Presidente Luis Inácio Lula da Silva rebateu prontamente as críticas ao etanol brasileiro afirmando que o verdadeiro crime contra a humanidade é descartar o uso dos biocombustíveis. 
Pela “lei do mercado”, o aumento da demanda por soja, milho e outros grãos utilizados para a produção de biocombustíveis, tende a elevar os preços dessas commodities, com reflexos diretos nos custos da produção animal. Mas  a indústria de biocombustíveis não pode ser considerada a única responsável pela elevação dos preços dos alimentos nos últimos anos. Pelo menos foi esta a conclusão a que chegou um estudo elaborado pela Fundação Getúlio Vargas, segundo o qual a recente elevação dos preços decorre de uma confluência de fatores, tais como: o aumento de demanda, os baixos estoques internacionais e a especulação nos mercados futuros de commodities (FGV, 2008). O aumento da demanda se explica pelo crescimento demográfico e pela recente elevação do poder aquisitivo em países como a Índia e a China. Também não se pode ignorar que a alta do petróleo, eleva os custos dos fertilizantes, dos combustíveis usados no maquinário agrícola e no transporte, tendo efeito direto sobre os preços dos alimentos.   
Estima-se que, em 2007, 4,5% da safra mundial de grãos foi transformada em etanol. Nos EUA o combustível é produzido a base de milho e nos países europeus as principais plantas utilizadas são o trigo e o sorgo. Além de mais caras, a produtividade dessas culturas é bem inferior a da cana-de-açúcar utilizada na produção do etanol brasileiro. Talvez seja por isso que nesses países as críticas são bem mais severas. “O balanço energético do etanol brasileiro é 4,5 vezes melhor do que o etanol de açúcar de beterraba ou trigo, e quase 7 vezes melhor do que o etanol de milho”, afirma Eduardo Leão de Souza, Diretor da União 
da Indústria da Cana de Açúcar  (Souza, 2008). No Brasil o etanol abastece 50% do consumo de combustíveis para automóveis, ocupando 1% das terras aráveis. Uma alternativa que pode até duplicar a produção sem ocupar mais terras é a obtenção do etanol a partir da celulose da palha da cana-de-açúcar ou de outras gramíneas. O que falta é conhecimento científico e tecnológico e, nesse ponto, os EUA já estão bem à frente (Castro Neto, 2008a).  
Se a produção brasileira de etanol já tem índices mais satisfatórios de rendimento, o mesmo não se pode afirmar sobre a produção de biodiesel. A soja é a única oleaginosa que consegue abastecer essa indústria sendo responsável por 80% da produção. Cerca de 7% da safra anual é destinada às usinas de biocombustíveis, o que corresponde a aproximadamente 1,5 milhão de hectares plantados. O girasol, a mamona, a palma, a canola, o pinhão manso, o dendê ou o amendoim têm teores de óleo bem mais elevados do que a soja e seu emprego em maior escala permitiria melhorar o rendimento das terras ocupadas para produção de biodiesel (Castro Neto, 2008b). Além disso, o cultivo dessas oleaginosas é muito mais compatível com a produção familiar, abrindo um amplo mercado para esses agricultores.   
Os defensores dos biocombustíveis também argumentam que as terras usadas para a produção de etanol e de biodiesel são ínfimas se comparadas às áreas ocupadas pelos cultivos destinados à alimentação animal. De fato, para se obter uma tonelada de carne são necessárias 10 toneladas de grãos, como a soja, o milho etc. Então, uma mudança para hábitos alimentares mais saudáveis, com menor ingestão de proteína animal, já provocaria uma enorme transformação no uso das terras. Mas ainda estamos longe do dia em que a consciência ambiental possa gerar mudanças significativas nos hábitos alimentares. Quando esse dia chegar, andar num automóvel para quatro ou cinco passageiros será considerado um hábito do passado.  
No Brasil, ao contrário dos EUA, há terra suficiente para se produzir cana-de-açúcar e as oleaginosas usadas na produção de biodiesel, sem competir com as áreas destinadas à produção de alimentos, foi o que concluiu Dora Isabel Hernández em uma dissertação de mestrado recentemente defendida na UNB (Hernández, 2008). Mas a disputa pelas terras cultiváveis não se limita aos biocombustíveis, aos alimentos e aos cultivos destinados à nutrição animal, pois as áreas destinadas à  conservação ambiental também devem entrar nessa equação. De acordo com Eduardo Evaristo de Miranda se somarmos todas as áreas protegidas pela legislação ambiental, apenas 7% da Amazônia e 33% do país estão disponíveis para a ocupação habitacional, industrial e agrícola (Miranda, 2008). Isso equivale a 2.841.000 km2, mas só a pecuária já ocupa quase toda essa área. Se a legislação ambiental for integralmente cumprida, a disputa pelo uso da terra será bem mais acirrada. Se continuar sendo desrespeitada, ou se for alterada, como querem os ruralistas que defendem o afrouxamento do Código Florestal, haverá mais área para a agricultura, mas aí 
não sabemos até que ponto os serviços ambientais prestados pelas florestas serão comprometidos. Haverá água para tanta agricultura?   Por enquanto, o acúmulo científico é insipiente e não é nada fácil prever os impactos dos biocombustíveis sobre a biodiversidade ou sobre a dinâmica de ocupação das terras. O certo 
é que para atender a demanda mundial de alimentos, fibras, biocombustíveis e, ao mesmo tempo, respeitar a legislação ambiental será imprescindível aumentar a produtividade nas áreas já ocupadas. Mas para isso não podemos correr o risco de iniciar uma nova “Revolução Verde”, cujos impactos ambientais podem ser devastadores. Será necessário gerar muito mais conhecimento científico e tecnológico que permita aliar produtividade e durabilidade dos sistemas produtivos. Também será necessário refletir sobre os aspectos estratégicos relacionados à produção dos biocombustíveis. Se, em algumas décadas, a água se tornar um recurso ainda mais escasso, será que ainda valerá a pena exportar esses combustíveis, cujo processo produtivo requer enormes quantidades de água?   

Empreendedorismo e biodiversidade

É imenso o leque de amenidades disponíveis  nos espaços rurais. Podem variar tanto de fragmentos de natureza intocada a paisagens minuciosamente manejadas, quanto das mais antigas relíquias históricas às mais vivas tradições culturais. Também são imensas as possibilidades de diversificação dos sistemas produtivos agrícolas. O aumento da demanda pelas amenidades do meio rural e por produtos mais “limpos” – livres de resíduos de agroquímicos - acompanha a evolução do tempo livre e da renda e dos habitantes urbanos, gerando novos negócios e empregos.  
A “saída”, portanto, seria estimular um tipo de empreendedorismo capaz de gerar empregos e, simultaneamente, conservar a biodiversidade. Os empreendedores são os principais agentes da mudança econômica, pois são eles que geram, disseminam, e aplicam as inovações. Ao procurarem identificar as potenciais oportunidades de negócios e assumirem os riscos de suas apostas, eles expandem as fronteiras da atividade econômica. Mesmo que muitos não tenham sucesso, é sua existência que faz com que uma sociedade tenha constante geração de novos produtos e serviços (Veiga, 1999).  
Infelizmente, não se sabe muito bem quais são os determinantes do “empreendedorismo”, apesar de sua crucial influência sobre o crescimento econômico. Sequer existe acordo sobre os indicadores que melhor revelariam os graus relativos em que o fenômeno se manifesta, apesar de existir tanta convicção de que  ele é a essência do dinamismo econômico e a certeza de que sua promoção é uma ótima maneira de expandir o emprego. Obviamente são maiores as possibilidades de surgirem novas empresas em regiões rurais que já são (ou já foram) prósperas e nas que atraem “refugiados” das aglomerações urbanas, do que em zonas rurais que sempre estiveram entre as mais periféricas ou que há muito tempo deixaram de ser dinâmicas. Muitas das dificuldades para qualquer esforço de dinamização econômica decorrem da baixa densidade demográfica que está no cerne da própria definição da ruralidade: distância dos centros de decisão e das redes de informação; falta de redes de transporte e de telecomunicações; raras oportunidades de valorização dos recursos humanos; dificuldade de estreitar relações que geram parcerias (Veiga, 1999). 
Questões cruciais como a dos efeitos da educação sobre a dinâmica empreendedora continuam sem respostas convincentes, embora se saiba que os sistemas educacionais foram concebidos para formar bons assalariados, em vez de preparar os jovens para a perspectiva do auto-emprego. E tudo indica que o conhecimento científico sobre o assunto só avançará quando for possível realizar uma  avaliação sistemática e comparativa das recentes políticas públicas de estímulo  à criação de pequenas e médias empresas. 

Principalmente dos programas mais inteligentes, que amadureceram nos âmbitos local e regional para melhor aproveitar os trunfos territoriais  na formação de ambientes inovadores. Afinal, o empreendedorismo nunca ocorre de forma homogênea entre as regiões de uma mesma nação. E é bem provável que tais divergências espaciais da criatividade empreendedora correspondam ao fenômeno de “clustering” (formação de “feixes” ou “cachos”) (Veiga, 1999).  
Segundo uma das definições mais aceitas, “cluster” é uma concentração geograficamente delimitada de negócios independentes que se comunicam, dialogam e transacionam para partilhar coletivamente tanto oportunidades quanto ameaças, gerando novos conhecimentos, concorrência inovadora, chances de cooperação, adequada infra-estrutura, além de freqüentemente também atraírem os correspondentes serviços especializados e outros negócios correlacionados. Alguns estudos revelam que a confluência de muitas firmas para um determinado ponto pode corresponder muito mais a certas características específicas do local - como prestígio e amenidades - do que à necessidade de contatos com outras firmas que supostamente fariam parte de um desses feixes ou cachos. Outros enfatizam que a verdadeira base do “clustering” é o conhecimento, o que não significa necessariamente ‘alta tecnologia’ (OCDE,1999-b ). Mas a maioria dos que abordaram a relação existente entre a formação desses feixes e o “empreendedorismo” acabam quase sempre enfatizando os fatores culturais que às vezes são compactados na sedutora noção de 
“capital social”: um complexo de instituições, costumes e relações de confiança que estimulam três dobradinhas fundamentais: a  da concorrência com a cooperação, a do conflito com a participação, e a do conhecimento local e prático com o conhecimento científico (OCDE,1998).  
As políticas governamentais voltadas à promoção do empreendedorismo mal começam a incorporar essas dimensões territoriais, institucionais e  culturais. Até há pouco, tais políticas voltavam-se quase que exclusivamente ao fomento de alta tecnologia e de grandes indústrias capazes de “polarizar” as economias regionais e/ou nacionais. Foi somente a partir de meados da década de 1980 que o  papel das chamadas “PMEs” começou a ser (re)valorizado, principalmente por sua superior capacidade de gerar empregos. Mas essa mudança de atitude ainda não gerou resultados persuasivos sobre a melhor maneira de se promover esse empreendedorismo mais “difuso”, que possa atingir todos os ramos econômicos e todos os tipos de regiões. Muito menos sobre as maneiras de se promover um “empreendedorismo verde”, baseado na conservação e recuperação da biodiversidade. Entretanto, recentes avanços no entendimento de suas dimensões rurais permitem pensar que a conservação da biodiversidade pode ser um fator estratégico para a criação, consolidação e crescimento de novas empresas. 
Além de mudanças culturais e institucionais é obvio que o incentivo a um empreendedorismo compatível com a conservação da biodiversidade também requer investimentos governamentais. A fonte destes recursos pode ser a taxação das atividades que mais degradam a biodiversidade. Esses recursos poderão viabilizar investimentos que, se forem bem escolhidos, poderão estimular simultaneamente a conservação da 
biodiversidade e a criação de empresas e empregos. E se isso acontecer, tais investimentos ajudarão a abrir um dos caminhos para o tão falado desenvolvimento sustentável. 

Conclusão 

A promoção da diversidade biológica tende  a ser um fator crucial na dinamização das regiões rurais. Particularmente daquelas  onde o crescimento econômico não chegou a destruir as fontes de amenidades. Nestas é perfeitamente possível incentivar simultaneamente a conservação da biodiversidade e a criação de empresas e empregos. A experiência internacional nesses dois domínios confirma que as restrições ambientais podem alavancar o crescimento econômico em vez de prejudicá-lo.  
O que é muito menos evidente é a linha estratégica e as formas de ação que deveriam ser adotadas para que essa sinergia entre biodiversidade e empreendedorismo seja mais intensamente promovida. Os argumentos apresentados neste texto parecem indicar a necessidade de profundas mudanças na visão que prevalece entre as principais organizações nacionais e internacionais voltadas à conservação da biodiversidade. Em vez de insistir na necessidade de aplicar recursos fiscais tradicionais (acrescidos de receitas obtidas com a bioprospecção) na manutenção e expansão das unidades de conservação, é necessário taxar e investir. Taxar as atividades que contribuem para a erosão da biodiversidade e investir os 
recursos assim arrecadados na promoção de um empreendedorismo dirigido ao melhor aproveitamento das amenidades rurais e à diversificação dos sistemas produtivos.  As formas de ação que correspondem a essa mudança de linha estratégica dependerão de muitas variáveis políticas que, neste momento, só poderiam ser abordadas de forma impressionista e especulativa. Mas duas coisas parecem claras quando se considera o caso brasileiro: a) a necessidade de que uma reforma tributária venha a contemplar ecotaxas não apenas no domínio energético (e nas formas de poluição a ele associadas), mas também no combate à erosão da biodiversidade; b) a necessidade de que o “segundo dividendo” dessas ecotaxas seja utilizado em novos programas de fomento do empreendedorismo, principalmente em regiões rurais onde as  amenidades poderão favorecer uma simbiose entre conservação da biodiversidade e dinamização econômica. 
Por enquanto, a sociedade brasileira não parece propensa a aceitar ecotaxas ou se dotar das instituições necessárias à promoção de um empreendedorismo rural que permita aproveitar as inúmeras vantagens da conservação da  biodiversidade. Mas para que essas coisas possam um dia acontecer, é absolutamente necessário que se comece a superar a insipiência do pensamento estratégico sobre o desenvolvimento sustentável, seja na escolha de objetivos, como na definição dos meios de atingi-los.  











SAIBA MAIS - ECOSSISTEMA E BEM-ESTAR HUMANO

ACESSEM O LINK PARA ENTENDER MELHOR A RELAÇÃO ENTRE ECOSSISTEMA E BEM-ESTAR HUMANO:
http://pt.scribd.com/doc/36991364/Ecossistemas-e-o-Bem-estar-Humano-Estrutura-para-uma-Avaliacao

SAIBA MAIS SOBRE A AVALIAÇÃO ECOSSISTÊMICA DO MILÊNIO (AEM)

Assista ao vídeo feito pela Universidade Federal de Mato Grosso para poder entender melhor sobre a AEM!
Clique no link http://vimeo.com/15622120

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM - MÓDULO I/EIXO III

RELAÇÃO ENTRE AS PERDAS AMBIENTAIS E CULTURAIS

Reflexão: Entre os itens que discutidos nos textos, é possível perceber os serviços e os aspectos básicos do bem-estar humano? Ao percebê-los, é possível mensurá-los e correlacioná-los da mesma forma como aparece na figura 2 do fascículo?

Lá no pé da serra é uma dessas inúmeras canções que relacionam aspectos naturais, bem-estar e valores. Elpídio dos Santos, o compositor, nasceu em São Luiz de Paraitinga, SP. Ouça em: http://www.youtube.com/watch?v=SOlIzt8kDtY . Outra música, Eu vi, escrita por Negrão (Pedro Luiz dos Santos) em 2009, pode ser ouvida no vídeo sobre a enchente do rio Paraitinga, que destruiu um importante patrimônio cultural brasileiro e boa parte do casario colonial da cidade.
Além das músicas, você pode ler duas edições de um jornal local produzidas depois da enchente: a primeira conta o que aconteceu e a sétima mostra como a comunidade está reagindo.

Após assistir aos vídeos e ler os textos, vamos refletir sobre a relação entre as perdas ambientais e culturais, mas tomando como base os aspectos primordiais do que a Avaliação Ecossistêmica do Milênio considera bem-estar humano, ou seja, Liberdade, Saúde, Segurança, Boas Relações Sociais e Materiais Básicos para uma vida Saudável. Há ameaças à vigorosa cultura da cidade? 
Ao debate!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A SAGA DA AMAZÔNIA

Pode não ser o estilo ou gênero que a mídia costuma veicular, mas a música Saga da Amazônia do compositor e intérprete Vital Farias representa bela e tristemente o conflito fundiário e os problemas de ocupação e degradação ambiental.
OUÇA A MÚSICA CLICANDO NO VÍDEO ABAIXO:


VOCÊ SABE QUEM FOI CHICO MENDES????

 Você sabe quem foi Chico Mendes? Vá ao site do Instituto Chico Mendes no endereço http://www.chicomendes.org.br/Biografia/bio.html Consulte também outras biografias do campo ambiental e ecológico. Entre elas a do professor Lutz em: http://www.fgaia.org.br/

LEITURA DE AUXÍLIO PARA PRODUÇÃO DA BIOGRAFIA ECOLÓGICA


Sujeito ecológico: a dimensão subjetiva da ecologia
Isabel Cristina de Moura Carvalho

Em poucas palavras...
Sujeito ecológico, em poucas palavras, é um modo de ser relacionado à adoção de um estilo de vida ecologicamente orientado. Trata-se de um conceito que dá nome àqueles aspectos da vida psíquica e social que são orientados por valores ecológicos. O sujeito ecológico pode ser ainda descrito como um ideal ou uma utopia internalizado pelos indivíduos ou pessoas que adotam uma orientação ecológica em suas vidas. Então, pra começo de conversa, vou situar o que significa subjetividade e como esta pode se tornar “ecologicamente orientada”. Para entender como então nos tornamos ecológicos em nossa dimensão subjetiva, vou situar o que entendo por subjetividade.
Subjetividade: um modo de ser no mundo A palavra subjetividade pode ter varias conotações. No campo da psicologia, subjetividade não é uma mera palavra, mas um conceito. Contudo, isso ainda não resolve os
múltiplos sentidos que esta pode ter, mesmo entre os psicólogos. Eu prefiro trabalhar dentro de uma abordagem da psicologia social que pensa a subjetividade e o sujeito humano sempre situado num tempo histórico e num espaço social, cuja identidade está em permanente autoconstrução e negociação com o mundo. Este conceito de subjetividade se afasta tanto de uma ideia bastante comum que a toma como algo exclusivamente a vida interior das pessoas.  Parece-me mais produtivo pensar o fenômeno humano como desde sempre localizado no mundo, como um fenômeno simultaneamente social e individual, subjetivo e objetivo, psíquico e biológico, cultural e biológico. Neste sentido, tomando o ser humano como um ser no mundo, a vida pessoal não pode ser tomada como um acontecimento exclusivamente particular, mas é desde sempre, constituída pelos elementos culturais e pela historicidade. 

A noção de sujeito ecológico Considerando que a subjetividade é um modo de ser no mundo, a noção de sujeito ecológico, é um modo específico de ser no mundo, em outras palavras, é um "jeito ecológico de ser".  O sujeito ecológico designa um ideal ecológico, uma utopia pessoal e social norteadora das decisões e estilos de vida dos que adotam, em alguma medida, uma orientação ecológica em suas vidas. 
Como ocorre com outros ideais que os indivíduos tomam como modelo para si, nem sempre é possível realiza-los cem por cento na vida diária. Assim também ocorre com o ideal sinalizado pela noção de sujeito ecológico. Este tentar ser, certamente esbarra em vários obstáculos. Alguns deles são provenientes do fato de que a sociedade ainda não é tão ecológica como gostaríamos e nem sempre há oportunidades coletivas que facilitem e promovam um estilo de vida ecológico. Outros obstáculos são derivados das contradições dos ideais de que as pessoas são portadoras. Podemos pensar, por exemplo, na valorização da rapidez, da velocidade de resposta, e de ação, virtudes associadas à eficiência e a produtividade no trabalho. Este valor, muito freqüentemente pode reforçar a opção pelo transporte individual em geral mais rápido e conflitará com opões mais ecológicas como a ir de ir a pé, de bicicleta ou de transporte publico todos os dias para o trabalho.  Do mesmo modo, a liberação da mulher dos trabalhos domésticos oportunizada pelo uso intensivo de tecnologias poupadoras de tempo também pode conflitar com os ideais ecológicos de menor dependência de tecnologias intensivas em energia e a valorização da autossuficiência que se traduz nas idéias de vida simples, nos apelos do "faça você mesmo seu jardim, sua composteira, sua comida, etc". O quero destacar é que, mesmo para quem se identifica com a proposta ecológica, ha uma permanente negociação intrapessoal, interpessoal e política em torno das decisões do dia a dia. Quem já pensou, por exemplo, em abrir mão da máquina de lavar para economizar energia? Esta é uma negociação onde dificilmente seremos exclusivamente ecológicos. Neste sentido a busca de imprimir uma orientação ecológica à vida não nos poupa de contradições, conflitos e negociações diárias. 

E, por fim, é preciso considerar que ha também, na sociedade, pessoas e grupos que absolutamente não se identificam com os apelos de uma existência ecológica. Para estes os ideias preconizados pelo sujeito ecológico podem ser vistos como ingênuos, anacrônicos, pouco práticos, malucos, enfim, de alguma forma não são reconhecidos como valores desejáveis.   

O sujeito ecológico e o educador ambiental 

Dentro dos grupos sociais que se identificam com os ideais ecológicos vamos encontrar muitos dos profissionais ambientais e, dentre estes, o educador ambiental. O educador ambiental, ao mesmo tempo em que está imbuído de uma subjetividade ecológica é um ativo produtor desta subjetividade, na medida em que forma pessoas para uma vida ecologicamente orientada.
O educador ambiental, desta forma, promove o projeto identitário do sujeito ecológico. O contexto que situa e torna possível o sujeito ecológico é a constituição de um  universo narrativo específico, que se configura material e simbolicamente como um campo de relações sociais em torno da preocupação ecológica. Neste sentido, a noção de sujeito ecológico pode também ser considerada como uma espécie de subtexto presente na narrativa ambiental contemporânea, configurando o horizonte simbólico do profissional
ambiental de modo geral e, particularmente, do educador ambiental. Neste sentido o educador ambiental é alguem identificado com o sujeito ecológico como ideal de ser e formador deste mesmo ideal na sua ação educativa. 
Ao tentar alinhar seus posicionamentos politicos, opções individuais e atitudes pessoais e interpessoais com os ideais de um sujeito ecológico, o educador ambiental assume o desejo e o compromisso de certa consonância entre sua vida e sua causa, tornando sua vida pessoal uma espécie de laboratório de aprendizagem que antecipa a utopia de sociedade ecológica. O interessante é verificar como se tornam porosas, neste caso, as fronteiras entre a intimidade e a vida pública, a dimensão pessoal e a política. Ao que parece, este sacerdócio ou casamento com a "utopia ecológica", parece ser,  no caso dos profissionais ambientais, uma das condições de ingresso e reconhecimento no campo,  com os custos e as gratificações que isso traz.



Módulo I Eixo II - Identidades


São cada vez mais comuns os debates sobre Identidade, tanto no meio acadêmico quanto nos círculos de amizades ou de interesses. Nos círculos informais, as discussões se centram nas aparências, gosto musical ou preferência esportiva, origem familiar entre outros assuntos que identifiquem as pessoas e digam como são, de onde são e de onde falam.
Há quem defenda que à perda da Comunidade sobreveio a criação das identidades, seja porque perdemos a segurança e a proteção da vida comunitária, seja devido à busca de uma convivência em grupo e com um grupo de iguais.
Todos nós temos uma origem, um ponto de partida, que pode ser relacionado a um lugar e um tempo específicos. Mas nem tudo está registrado na história oficial. Herdamos traços físicos, temperamento, mas herdamos também uma cultura, uma história e, com elas, um ambiente que foi territorializado. 
Nesse sentido, o espaço e o tempo assumem outras conotações na medida em que coexistem com outros espaços e tempos. Perceba que há diferenças entre lugares e tempos e as percepções desses conceitos para diferentes pessoas. 
Parece que em alguns lugares o tempo parou e isso fica visível no ambiente. Tempos diferentes convivem na maneira de ver de cada um, como a de alguns parentes mais velhos e outras pessoas que têm uma noção de tempo e espaço diferente da nossa.
Assim, podemos refletir sobre o lugar de onde viemos: a família, a casa, o bairro, a rua, a escola. Enfim, nossas tribos... Tudo isso pode falar de nós e, até certo ponto, pode responder a algumas questões sobre como construímos nossa identidade e como ela nos constrói. 

Possuir uma identidade também corresponde a determinados comportamentos em relação a nós mesmos, aos outros e aos ambientes que nos cercam e, assim, por esses vários territórios vamos nos movendo e sendo muitas coisas em muitos lugares. Por isso, muitas tribos demarcam seus territórios por meio de roupas, linguagens ou posturas diferentes, ou seja, por meio de construções identitárias diferentes.
Vivemos em sociedades que estão longe de serem sustentáveis, não possuem políticas públicas que estimulem estilos de vida ambientalmente saudáveis e que até colocam obstáculos para quem quer ser e ter, como a falta de alternativas de transporte público, pouca disponibilidade de alimentos orgânicos, altos custos de produtos de qualidade, etc. A modificação de territórios e tempos acontece levando, inclusive, a embates entre grupos de interesses conflitantes. Mas, inversamente, há também aqueles que se preocupam e lutam a fim de preservar e conservar seu ambiente


ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM – MINHA BIOGRAFIA ECOLÓGICA!
Para esta atividade seguiremos nosso roteiro de questões. Nele encontraremos formas de elaborar a biografia e poderemos ter uma ideia de nossa relação com o ambiente e com nosso passado. 
Assim como os autores estudados, vamos construir nossa biografia a partir do contato com o meio ambiente e do lugar de origem de nossos familiares. Além disso, vamos socializar nossas impressões, comparando a situação do ambiente nos diversos espaços que ocupamos ao longo de nossas vidas e na trajetória de nossas famílias.
Poste no blog sua biografia ecológica! Leia os outros textos sobre identidade para poder lhe auxiliar na produção de sua biografia! Bom trabalho!!!